domingo, 23 de março de 2008

sábado, 22 de março de 2008

A princípio é simples anda-se sozinho
Passa-se nas ruas bem devagarinho
Está-se bem no silêncio e no burburinho
Bebe-se as certezas num copo de vinho
E vem-nos à memória uma frase batida: Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida...

Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo
Dá-se a volta ao medo e dá-se a volta ao mundo
Diz-se do passado que está moribundo
Bebe-se o alento num copo sem fundo
E vem-nos à memória uma frase batida: Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida...

E é então que amigos nos oferecem leito
Entra-se cansado e sai-se refeito
Luta-se por tudo o que se leva a peito
Bebe-se e come-se e alguém nos diz 'bom proveito'
E vem-nos à memória uma frase batida: Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Depois vem cansaço e o corpo fraqueja
Olha-se para dentro e já pouco sobeja
Pede-se o descanso por curto que seja
Apagam-se dúvidas num mar de cerveja
E vem-nos à memória uma frase batida: Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Enfim duma escolha faz-se um desafio
Enfrenta-se a vida de fio a pavio
Navega-se sem mar sem vela ou navio
Bebe-se a coragem até de um copo vazio
E vem-nos à memória uma frase batida: Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Entretanto o tempo fez cinza da brasa
Outra maré cheia virá da maré vaza
Nasce um novo dia e no braço outra asa
Brinda-se aos amores com o vinho da casa
E vem-nos à memória uma frase batida: Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida