Hull. Mais precisamente Kingston upon Hull. Fim do mundo a 2 horas de Londres, palco das guerras civis inglesas, e de episódios que levaram à abolição do comércio de escravos.
256,200 habitantes, 3 grandes centros comerciais, 1 campo de futebol internacionalmente conhecido, 1 universidade.. e mar, mar muito frio, mas ainda assim, mar! Pequenina e acolhedora, considerada por muitos uma cidade de poetas.. e a cidade onde irei morar nos próximos meses =).
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
Miguel Sousa Tavares"...E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes, dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusao de que tudo podia ser meu para sempre."
terça-feira, 16 de outubro de 2007
"Quanto tempo tem o presente?"
tira a pilha do relógio. pára o sol, a chuva, o luar. cala os outros. impede o galo de cantar, as andorinhas de migrar. não deixes as folhas cair, ou o vento soprar. não deixes que o mar se exalte, que os frutos cresçam, que a joaninha passeie. cala-os. cala o tempo a passar. ri. salta. joga à macaca. joga ao elástico. come gelados antes das refeições. come sopa de goma, fígado de chocolate. dorme com pastilha na boca mesmo que ela se cole ao cabelo. adormece com o teu urso de peluche, e a chuchar no dedo. sonha com campos vastos, com ovelhas a pastar. com póneis a voar, com girafas a sorrir. sonha que vives num castelo de núvens, e que os teus cabelos tocam o mar. com sereias bailarinas, com caranguejos como par. sonha com pedras que cantam e com borboletas que dançam. . o presente será eterno.. o tic-tac não te fará acordar..
Fronteiras
Hoje não levo óculos de Sol. Nem de Sol, nem de Lua, nem de coisa nenhuma. Nem óculos redondos, ou quadrados, ou de cores. Não os levo porque não quero guardá-los. Porque guardá-los implica estragá-los, ou mesmo perdê-los.
Não os quero porque quero sentir tudo. Quero que os raios me queimem, que a areia me cegue, que os olhos matem outros ao cruzar-se. E não quero ter marcas, isso não. Quero ser permeável, quero desbotar, quero contaminar. Quero sentir quem passa, quero marcar quem toco. Porque as roupas com cor diferente se mancham, porque os alimentos trocam de sabor quando se tocam, porque o oxigénio entra em mim, e eu entro na terra. Porque os dedos se entrelaçam, os atacadores se amarram, e a chama arde o papel. Porque tu entras em mim, e porque eu entro em ti: pela boca, pelo sexo, pelos sentidos. Porque tu e todas as coisas se encontram aqui, e me invadem. O vento sopra, os cabelos tocam-me a face, o lenço acaricia os meus lábios. Porque as vozes ao fundo se fazem ouvir, e o cheiro do fim do Verão se faz sentir.
Eu não quero óculos porque não quero paredes. Quero estar aberta, dar de mim, receber de ti. Hoje não levo óculos porque quero sentir-me queimada, e renascer depois disso.
Não os quero porque quero sentir tudo. Quero que os raios me queimem, que a areia me cegue, que os olhos matem outros ao cruzar-se. E não quero ter marcas, isso não. Quero ser permeável, quero desbotar, quero contaminar. Quero sentir quem passa, quero marcar quem toco. Porque as roupas com cor diferente se mancham, porque os alimentos trocam de sabor quando se tocam, porque o oxigénio entra em mim, e eu entro na terra. Porque os dedos se entrelaçam, os atacadores se amarram, e a chama arde o papel. Porque tu entras em mim, e porque eu entro em ti: pela boca, pelo sexo, pelos sentidos. Porque tu e todas as coisas se encontram aqui, e me invadem. O vento sopra, os cabelos tocam-me a face, o lenço acaricia os meus lábios. Porque as vozes ao fundo se fazem ouvir, e o cheiro do fim do Verão se faz sentir.
Eu não quero óculos porque não quero paredes. Quero estar aberta, dar de mim, receber de ti. Hoje não levo óculos porque quero sentir-me queimada, e renascer depois disso.
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